domingo, 30 de setembro de 2018

Pico da Pedra da Mina - SP/MG

Pico da Pedra da Mina 🌄
4º ponto mais alto do Brasil 
2798 m de altitude
Divisa SP/MG

Às vezes eu cismo... e geralmente dá certo!😎


Com sono e cansaço muito antes de enxergar a montanha, a experiência mais difícil da minha vida começa assim...

Desembarquei em Guarulhos/SP numa sexta à noite e peguei a estrada para Passa Quatro/MG com  dois amigos. 
Não lembro de muitos detalhes entre o aeroporto e o fim da estrada pq encerrei meu turno na direção e só acordei em Passa Quatro. 🙈

Ficamos hospedados na casa da Dona Luíza (esqueci o nome do local) e recomendo! Ela é maravilhosa! ❥
Levamos de casa toda comida consumida na montanha. 🍐🍼
A preocupação em não encontrar nada por lá teve fundamento. Passa Quatro acorda tarde.

A escolha foi o tradicional percurso via Paiolinho.
Deixando o carro na Fazenda Serra Fina.




Esperei 1 ano para criar coragem e fazer esta viagem acontecer.
Li inúmeros relatos riquíssimos sobre beleza, superação, sofrimento, conquista... ingredientes que motivam a viajar pra me lascar. Feliz!
Hora da minha história.
Minha!
Super mega ultra plus foda advanced minha história da Pedra da Mina!



A fazenda Serra Fina não tem estrutura nenhuma. 🐄
É só um lugar pra deixar o carro.

Seguimos!



Com uma mochila pesada pra cacete, a primeira parte da trilha, que vai até o último ponto de água, é de subida por dentro de uma floresta, basicamente.


Vc já começa a morrer daí. 😨

Fiquei muito preocupada com a água.
Li que encontraríamos pontos de água corrente até certo trecho, mas fui determinada a não beber água de riacho de jeito nenhum (amadora!).
Resolvi levar toda água do passeio na minha mochila. E esta ideia durou pouco. 😄


A parte mais fácil já começou a apresentar as dificuldades depois da primeira hora.
Mas a intenção de viagem para autoconhecimento e investigação sobre o limite da minha capacidade (física e mental) estava ali, piscando em neon que aquilo não tinha como dar errado. 😎




Deixando a autoajuda de lado, o caminho é tranquilo.
Nos perdemos numa bifurcação, rapidinho, mas tomamos o caminho de volta.
(nesta bifurcação, virar à esquerda) 🚩





O final do caminho pela floresta é o último ponto garantido de água.
Já não estava nem aí pra germe de água não tratada e abasteci totalmente as garrafas.
Além de encher o bucho.

Conhecemos um rapaz que foi deixado pra trás pelo grupo (que ele conheceu no Facebook para fazer esta viagem).
Achei uma tremenda fuleiragem deixarem ele sozinho, então o acolhemos.😒
Ele era a personificação do mochileiro bem equipado. ⛏
Já a gente... bom, a gente estava torcendo para conseguir assar batata no topo da pedra...
2 kg de batata. 😅
Pelo menos não foi na minha mochila, amém!😶







Após o último ponto de água, passamos por um campo de capim amarelo mais alto que eu.🌲
Não dá pra se perder, mas é bom ficar ligado.
O paredão à frente é a referência. E o paredão chama-se "Deus que me livre". 😟

Depois de um pedacinho de paredão, sentamos para almoçar. 🍋🍐
Castanha, grãos, cenoura e água.
Levarei cenoura pra sempre!❣





Curtimos o descanso e trocamos várias ideias com o novo membro da nossa equipe.
Percebi o quanto sou level baby na arte do montanhismo.😔
O rapaz tinha fogareiro, panelas, café!
Eu nem bebo café, mas achei sensacional.
Aprendi com ele que isolante térmico é importante.
(nunca havia acampado num lugar tão frio)




A subida do "Deus que me livre é de tirar o fôlego. 😥
Primeiro, pela vista. É divina!
Depois, pq vc está muito lascado mesmo.



Chegamos ao topo do Deus que me livre, já não estava registrando foto nenhuma por motivos de que estava morrendo.😭
No cocuruto, um dos meus amigos e o outro menino-super-bem-equipado-fodinha deram sinais de que não seguiriam mais.

A hora estava passando e eu queria MUITO ver o sol se pôr no alto da Pedra da Mina.
Tenho uma paixão pela despedida do sol.
Cada doido com a sua...

E foi aí que fiquei meio sem saber se seguia ou se ficava com eles.😯
(chamei de fuleiros os amigos do novo coleguinha, pq abandonaram ele sozinho, e estava entrando na categoria de fuleiros que abandonam o coleguinha também)

Veio o estalo que programei aquilo desde o ano anterior, que saí do sertão e estava uns de 2000 km de casa, que já havia subido mais de 2000m com uns 15 kg de mochila nas costas.
Pensei em cada machucado do meu corpo.
E, principalmente, que eu não voltaria ali nunca mais.😇

Verifiquei que os meninos tinham comida e barraca e resolvemos dividir o grupo.
Segui com um amigo e deixei os meninos no alto do Deus que me livre.
Eu vou pro inferno, eu sei.😈
Mas estava tão pertinho do céu, que não quis abrir mão da oportunidade de continuar me ferrando pra chegar lá.

A sequência foi: descer a parte de trás do paredão do Deus que me livre, cruzar o vale, atravessar a área de camping e subir o famigerado paredão da Misericórdia.
Eu não tinha forças, mas tinha ânimo pra gastar ainda.

Perdemos muito tempo parando, estimulando os meninos a não desistirem e agora não podíamos nos dar ao luxo de sentar pra descansar.

Eu tinha um pôr do sol pra apreciar.🌅
Tinha uma montanha pra conquistar.🌄
E eu sou insistente.😊

Vencido o Misericórdia, atravessamos mais capim amarelo (ou capim elefante).
Aí, nos perdemos um pouco.
Sempre com a Pedra da Mina como referência à frente.

Chegamos à base do último paredão.
O acesso à pedra.
Do lado direito, o sol se despedindo.
Do lado esquerdo, o vale do Ruah.

Queria muito o pôr do dol.
Este!
Apreciar.😊
E o momento de luxo pra descanso foi estabelecido.
Sentamos e olhamos.😃

Não tinha certeza se eu realmente estava ali.
Era o retrato do cansaço.
Todo meu corpo doía. Em contraste com a mente, que dava pulos de alegria.
Pulos mentais, pq eu não conseguia nem tirar o pé do chão.

Observei o declínio  do sol no horizonte e não esqueço jamais. Estava feliz pra caramba!😀

Agora, era hora de se lascar de verdade!😶

O sol se foi, mas o paredão cheio de pedras ficou.
E não tinha escada rolante. Nem corda, nem degrau, nem acesso, nem luz.
Tinha um caminho zerado, a noite comendo no centro e um frio da peste, que surgiu não sei de onde.✰


Minha alma já havia transcendido e eu estava no automático.😑
Fodida de verdade, mas eu ia dormir naquele raio de topo. 😎
Nunca estive tão machucada e decidida.

Descobrimos uns pedacinhos de metal colados nas pedras, estrategicamente demarcando o melhor caminho pra chegar ao topo.🌙
Uma pequena dificuldade pra achá-los, mas facilitou bastante.
Era sair varrendo o paredão com lanterna, pra ver o trocinho refletir, e avançar.

Continuei sem fotos, pq não tinha como segurar celular, lanterna, mochila e meu corpo.

A descrição de uma das noites mais marcantes da minha vida é esta:

-Chegamos ao Pico da pedra da Mina depois quase 10h de subida😱
(tudo bem, houveram atrasos que poderiam ser evitados)
- Assinamos o livro do cume ❥
(e eu chorei!)
(eu assinei aquilo!)
(eu subi, sim!)
-Procuramos lugar pra armar a barraca e foi difícil. Muitas barracas já instaladas.
-Nem jantamos. Quando sentei, todas as dores que estavam guardadas resolveram aflorar. Ainda bem que só ali.
-Explodi em enxaqueca e dor no corpo. Um frio do cacete!😢
Foi aí que descobri que barraca de praia não serve pra montanha.



Passei a noite me dividindo em dor de cabeça e dormir fazendo contorcionismo pra segurar a barraca.
2798 m oferecem MUITO vento e SUPER frio.😕
Minhas mãos estavam congelando.😢
Poderia escrever umas 50 linhas de dor e sofrimento, mas vi esta próxima foto e, definitivamente, toda dor das últimas horas foram pagas quando precisei olhar pra baixo e procurar o avião que estava passando.


Eu subi a pedra da Mina.😊
Subi mesmo!
O quarto ponto mais alto do Brasil. E eu subi.😊
Numa fase totalmente sedentária, vindo de um problema na coluna e uma lesão no pé.
Sem senso nenhum de montanhismo, com uma mochila muito mais pesada do que o necessário, sem equipamento adequado pra sensação térmica negativa .
Eu subi a Pedra da Mina!😊


Minha barraquinha véia de guerra (que vai se limitar ficar no sertão, mas que segurou e não saiu do lugar).

Bom, em êxtase e com a sensação que quem levou uma surra de vara de bambu, era hora de apreciar aquele momento sagrado e se preparar pra descer.😍


Enquanto estava lá em cima, olhando pras nuvens abaixo de mim, só pensava no quanto aquela viagem elevou meu nível no patamar de pessoas que fazem coisas fodas.
Estava me achando a última bolacha do pacote.
A dificuldade da conquista potencializa a satisfação de vivenciar, mas o lugar é memorável de verdade.😍




Super totens maravilhosos, que salvam na navegação pelo caminho.🚦
Construí alguns, mas absurdamente meia-boca, comparados aos que estão por lá.


Um dos meus maiores desejos é assinar este livro de novo.
Depois de curtir o ocaso no topo da pedra, claro, como era meu plano.
Planejar para sofrer menos.






Bom, se pra descer todo santo ajuda, desta vez eles tiraram folga.
Meus pés estavam machucados em todos os lugares.
E eu tenho uma enorme insegurança para pular pedras.
Resumindo, a descida foi pra se lascar!

Caí umas três vezes, rasguei a calça no meio e fiquei com a bunda de fora. Uma maravilha!

Resolvemos que cada um desceria no seu ritmo e estávamos dispostos a perder o vôo que seria à noite.
Foi uma das coisas mais legais da viagem.
Descer sozinha boa parte daquela montanha imponente.
Com a mente maquinando tudo o que eu poderia fazer a partir dali.
Conhecendo meus limites e percebendo que eu sou capaz de muito mais do que imagino.
Desatei várias amarras que me prendiam.
Terminei em frangalhos, mas com o espírito evoluído.












A descrição da descida é de amor borbulhante pela vista e despedida da montanha e uma dor gigantesca que eu nem sei mais relatar agora.

Chegamos na fazenda à noite.
Eu já não sentia mais nada.
Era meu limite.

Voltamos pra casa da Dona Luíza, gastamos rios de dinheiro comprando a passagem pro outro dia e eu apaguei merecidamente.

Curtimos a manhã em Passa Quatro, cheia das fontes de água mineral e um pessoal bastante simpático.
Jogamos conversa fora com Dona Luíza, pegamos a estrada e voltamos para a realidade.


99% das vezes, não planejo voltar aos lugares que conheci.
Quero abrir exceção para a Pedra da Mina.
Se possível, conquistá-la novamente e seguir em frente. Fazendo a Travessia da Serra Fina. Também conhecida como Travessia mais difícil do Brasil.
Se vai dar certo, não sei.
Mas às vezes eu cismo...

😎



3 comentários:

  1. Que venha a travessia da Serra fina !!!

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