quarta-feira, 31 de julho de 2019

Travessia Igatu x Capão


Junho de 2019 e acabara de fazer a  Travessia da Serra Fina. ❤
Uma semana depois, a mochila estava pronta para algo tão grandioso quanto minha última passagem pela Mantiqueira.


26 de junho 👉 Igatu 💚

Como sempre, hospedagem no Abrigo Xique-Xique, que super recomendo, e tem donos muito simpáticos e amistosos: Rafael e Vanessa.💞

Comprei um mapa completíssimo da Chapada Diamantina lá mesmo e Rafael deu várias dicas sobre a inacreditável travessia que começaria no dia seguinte.

Este mapa é uma das coisas mais preciosas 😏 que tenho na vida e não vou sossegar até vencê-lo (boa parte, pelo menos).






27 de junho 👉 Igatu x Rampa do Caim x Rio Paraguaçu x Rio Pati 💚

Levantamos cedinho, meu  inestimável melhor parceiro de perrengues em trilhas e eu, providenciamos um cuscuz, que é de lei, e seguimos em busca da Rampa do Caim.
A pousada fica próximo ao início da trilha e não tem muito como se perder em Igatu.👻

















Paradinha em um antigo abrigo de mineiros.





Passagem tranquila por este buraquinho. 👀






Uma super bem organizada toca.





Toda estruturada na pedra. Impressionante!






Finalmente, o mirante da Rampa do Caim.



Rio Paraguaçu descendo pela esquerda...



Tomando coragem pra gravar um vídeo. Cheia de vergonha.🙈
 




Vale do Pati à direita.
Meu primeiro contato com o vale, mesmo de longe. 💙💙
Agora é descer...




Algumas cipoadas de capim. 😫



A descida da rampa não é bem marcada, mas é um pouco intuitiva.



Como sempre, no passinho da tartaruga idosa. 🐢







Depois de descer a Rampa do Caim com um certo nível de dificuldade💣, chegamos ao Rio Paraguaçu e o otimismo de que iria aparecer um trajeto seco, seguro, tranquilo, sem risco de ser levada pela correnteza, começou a diminuir drasticamente.😥



"Desci lá de cima..."







Tenho medo de água.💦
Eu tenho MUITO medo de água.
Sei nadar e tudo, mas bicho na água, correnteza, planta na água, água com pedra e água sozinha  me dão medo.💧
Então, não sei como pude deixar de fora do meu tão planejado trajeto a possibilidade de que as coisas não seriam um mar de rosas dentro d'água... e não foram.😐









Encontro do Rio Paraguaçu com o Rio Pati.
Vou economizar 3 km de textão falando sobre todo perigo, escândalo e sufoco que passei para atravessar este famigerado rio.
A natureza não brinca e precisa ser respeitada.💥







Barraca montada.🎪
Sopinha pronta.🍵
E o céu mais estrelado que já observei.🌟🌟🌟🌟🌟








28 de junho 👉 Rio Pati 

Sol nascendo no encontro dos dois rios e hora de colocar as perninhas pra trabalhar.



Era dia 28 de junho e tínhamos uma véspera de São Pedro para comemorar na casa de Seu Jóia.
Spoiler: não chegamos a tempo.



Dia inteiro pulando pedra e atravessando o a correnteza do Rio Pati de um lado pro outro. Com uma dificuldade imensa e engolindo o choro em algumas passagens.😣
E a certeza que faria tudo de novo.😗
É sofrido, mas é massa demais!




Pior influencer que existe.








Na única tentativa de sair da trilha do rio e tentar ir por terra, avistamos uma cobra🐍 bastante significativa bem no meio dos primeiros metros de chão seco.
Desistimos.❌


Relógio marcando 20h.
Mais de 13h com os pés dentro da bota cheia de água, entendemos que não tinha sentido insistir em caçar caminho à noite, com a lanterna de cabeça.👎
Adeus à véspera de São Pedro.😥

Tentamos armar a barraca e não tinha lugar.
E aqui começa a fudência...😭

Deixamos as mochilas protegidas, forramos os sacos de dormir nesta pedra da próxima foto e... começou a chover.🌂💦💦💦💦💦

A solução foi usar a lona da barraca como proteção, mas só durou os primeiros minutos.

A tempestade castigou💧💧 e passamos a noite recebendo uma mini correnteza que a pedra estava promovendo.😭

Relevei as inúmeras aranhas🔆 que resolveram se abrigar sob a nossa lona também, fazendo meu corpo de estrada.😱

Comecei a pensar se a pedra era alta o suficiente, caso viesse uma tromba d'água👀, e a torcer pra ser baixa o suficiente, caso eu caísse ao mudar de posição👀.

Tudo isto com um mundo de chuva fora da lona, escorrendo pra dentro.😭

Mas só não consegui dormir mesmo por causa da tal onça que todo mundo diz que tem, mas ninguém viu.🐆


Foi a noite mais difícil que já passei.😿
Dormir na água não é legal, não.

Cama no Rio Pati




Nota: nunca usar aplicativo desconhecido em viagens, produzindo vídeos de qualidade duvidosa.👀







29 de junho👉 Rio Paraguaçu x Rio Guariba x Casa de Seu Jóia



"Acordamos" de uma noite não dormida, juntamos os cacarecos e a dignidade e continuamos.
Não dava mais pra voltar.😎





Dormimos a, exatos, 500 metros do término da trilha por dentro do rio.
De todo modo, mesmo se soubéssemos que o final era tão perto, não animaria continuar na noite anterior.✖



O fim do caminho é acessado por um buraco dentro de uma pedra, com algumas trepadeiras ao redor. Onde só dá pra passar 1 pessoa por vez e sem a mochila nas costas.😲



Certeza que a gente ia se lascar neste pedaço derradeiro.
Dormir na água já não parecia tão ruim...😏








Finalmente, o sagrado encontro do Rio Pati com o Rio Guariba.👏
Hora de sair da trilha pelo rio, amém.🙏

                                       


                                        





                                           


Pegamos a margem esquerda e, rapidinho, achamos o caminho que levava ao Seu Jóia.💚
Uma felicidade sem igual.👌


                                       
















Chegamos ao entardecer e o pessoal foi super receptivo.💖
Jantamos🍪🍵🍴 merecidamente e Alan ainda proporcionou a trilha sonora da refeição🎶. Ouvindo e trocando causos com os velhinhos super mega simpáticos que nos davam atenção.👴👴👴

                                       





Os únicos hóspede naquela noite éramos nós dois, uma moça de Maceió e um rapaz americano (eu acho).

                                            

                                             

Seu Jóia, pra nossa surpresa, acendeu uma fogueira. 😀💥
O tocador oficial emendou um Luiz Gonzaga e não poderia ter um dia de São Pedro melhor.🎵






30 de junho 👉 Casa de Seu Jóia x Casa de Dona Raquel



Acordando parcialmente pronta para um banho muito frio.⛇




Serumaninho da casa de seu Jóia.🐶




Café da manhã e estudo da navegação.🍵🍞🚩





Bucho cheio e hora das despedidas.😟


Dona Leu💚, maravilhosa! Uma mulher gentil, educada, sensível e que me impressionou demais ao contar que vai e volta pra Andaraí sozinha. Tenho que fazer o mesmo!


Dona Leu <3



Grande Seu Jóia!






Adesivo dos queridíssimos Ana e Marcelo, do  Leve de viagem. 💜




Saí da casa de Dona Leu e Seu Jóia com uma vontade imensa de voltar e passar longos dias por lá.😻





Gotinha serena do audiovisual👾.





Hora de seguir caminho...🐾




Modelo de passarela do riacho.







Da casa de Seu Jóia, com a boa vontade de dormir na Igrejinha, tomamos um caminho errado nesta bifurcação e foi sensacional.👀







Paramos para refrescar no  lajedo com um poço, sem notar que aquele não era o caminho certo.😶










Até que Alan percebeu que ali era a Casa de Seu Eduardo. Um senhorzinho muito simpático, que só conheci pela internet, mas que construiu uma relação de acolhimento durante as andanças anteriores de Alan pelo Pati.



Domingos, neto de Seu Eduardo, é o atual responsável pelo local.
Junto com sua companheira Virgínia, dão um ar super agradável à casa e nos presentearam com um papo bastante amistoso.
Virgínia também leva o projeto  Mulheres no pati, guiando meninas pela Chapada e espero ansiosamente a oportunidade acompanhar uma vez.💓






Novas amizades na Casa de Seu Eduardo, agora Casa de Domingos.




Com promessas de voltar outra vez (e volto! Andaraí x Pati (pelo Cachoeirão) certamente é a próxima ida, via Seu Eduardo/Domingos), voltamos pelo "caminho errado" e pegamos a reta certa para a Igrejinha.✌






Da Casa de Seu Eduardo (Domingos) pra frente foi só alegria.🎈





Algumas raras casinhas que oferecem hospedagem para quem está de passagem e  com preços justos...💟





Esta é minha foto favorita da viagem.
Dona Dagmar!💛
Que, descobri por acaso, também oferece pouso na sua residência.
Trocamos conversa com dona Dagmar por 10 minutos que vou levar no coração pra sempre.😍
A personificação da humildade, gentileza e boa vontade com dois estranhos tagarelas, fazendo mil comentários e sendo recebidos com um sorriso tímido e expressão de força.💜

Dona Dagmar =)













Foi um trekking tão mágico, tão gostoso de apreciar, que até o peso da cargueira era ignorado.


Do nada, uma cachoeirinha no meio do caminho.





























Por volta das 14h chegamos à Prefeitura.🏨
Que, claro, não é uma prefeitura de verdade.
Fiquei curiando a redondeza e produzindo conteúdo na melhor versão cospobre de blogueira👹.








Enquanto rolava este papo com o responsável pela Prefeitura, aproveitei para estender as roupas úmidas na cerca, formando um varal improvisado.
Otimizando tudo.😎
Eis que Alan sentiu falta da carteira e percebeu que ela sumiu.😯
Simples assim!😐

Aquela respirada básica e começaram os cálculos sobre quanto tempo nos custaria voltar procurando a carteira a partir dali, no meio da tarde, investigando capa pedacinho de chão, até a casa de Seu Eduardo e, por azar, de seu Jóia também, com o bucho parcialmente preenchido de licor e cerveja.🍺🍷🍺🍷


Morro do Castelo e a lembrança de que cerveja é muito ruim.



O consenso era que não iríamos deixar o ânimo esfriar.💥

No fim das contas, a carteira apareceu depois de revirarmos as mochilas mais de uma vez.
Amém!🎉
Entretanto, nos custou um tempinho precioso.
Tudo sob controle.😊



Um pouquinho de licor da Chapada causa isto aqui:



Estávamos genuinamente felizes em chegar ali e motivadíssimos para vencer os trocentos km ( 63 km de Igatu até o final da travessia).





Hora da despedida da vista pro Morro do Castelo, traçar novos planos e seguir pra algum lugar não tão distante.
A Igrejinha já estava fora de cogitação àquela altura de fim de tarde.❎







Seguimos saltitantes rumo à Casa de Dona Raquel.💚





Trilhamos bastante à noite.💡
Alcançamos  Dona Raquel já no finalzinho do horário que o jantar era servido.🍮🍪

Cruzamos uma "ponte" bem estreita que, na verdade, eram uns tocos de madeira...👀 nem sei descrever agora. Totalmente "não vá por aí" e fomos!
Sem explicação sobre como não tombamos na água com mochila e tudo.

No outro dia, quando fomos embora, percebemos que a entrada oficial era por uma estradinha super segura.👹

Não sei de que modo paramos neste ensaio de ponte, mas deu tudo certinho.




Foi um dia doce e divertidíssimo!


01 de junho 👉 Casa de Dona Raquel x Vale do Capão

De cara, um spoiler: a gente se lascou até o Capão.😐
Arrombamo-nos-emos totalmente, por quilômetros de lama, reclamações, lama, quedas, muito mais lama e muito mais quedas na lama.

Acordando felizes com esta vista na Casa de Dona Raquel.




Café da manhã 🍊🍞🌽 de super trilheiros alegres e cantarolantes 🎵que não faziam ideia do quanto iriam meter a cara no chão 💣 e o bumbum na lama naquele dia.💩

Cuscuz de lei. Sempre!


Rumo ao Capão! Pura felicidade.🎈







Um bar no meio do nada.🍺🍷



Varal humano.😆


Colocando as roupas pra secar em qualquer oportunidade.




E tome beleza adicionada a um pouco de preocupação. A Igrejinha estava muito mais longe do que esperávamos e chegamos nela quase meio-dia, atrasadíssimos.⌛



Finalmente, Igrejinha!🏰




É bem pequenina mesmo. Um charme!😊

Igreja de Nosso Senhor do Bonfim








Primeiro e último trekking pagando de blogueira da shopee.😗







Fiz amizade com as pessoas da pequena Vila e descolei um pente.
Dias e dias com o cabelo ao léu... estava só o ninho.👩

Amiguinhos pelo caminho


O lugar mais sagrado da Vila da Igrejinha, além da própria Igrejinha:🍺🍸🍷🍪



Abastecendo as cargueiras com licor de banana🍌 que odiei no primeiro momento, mas com o decorrer de tudo dando errado no resto do dia, passei a tomar na força do ódio.👽



Um mural cheio das fotos de visitantes.





A partir daqui, tudo foi ladeira abaixo.😑
Ladeira com lama, diga-se de passagem.

Último momento feliz deste dia


O caminho convencional da Igrejinha até o Capão é pelos Gerais.👈
Quando avistamos a trilha para chegar na Igrejinha, tinha um pessoal subindo o paredão, parecendo formiguinhas, de tão longe.🐞

Seu João, dono do mercadinho da Igrejinha, e figura que odiei amargamente durante longas horas deste dia (desculpa, Seu João!💓 Um dia volto pra te dar um abraço e pedir perdão💓 pelos xingamentos que você nem imagina), disse que já estava perto das 13 horas e que uma segunda opção seria pegar o caminho que os nativos sempre usam. Bem mais rápido para chegar ao Capão.


Como as cargueiras estavam pesadas, eu sou uma lesminha🐌 e a hora avançadíssima, resolvemos seguir pela floresta e economizar umas boas horas de trilha.
Que não economizamos, vale pontuar.😪


Daqui pra frente foi só pra trás.😑
Subidas e mais subidas.
Havia chovido nos últimos dias, então, o que seria um passeio no bosque, transformou-se num pesadelo de lama.



Havíamos planejado o caminho pelos Gerais, logo, tudo agora era novidade.⛳
Obviamente, nos perdemos logo de cara, até que surgiu um cemitério que não estava nos planos e notamos o erro.🚧
Voltamos.



Começamos a achar que Seu João havia nos indicado este caminho do mal pq ele estava chateado por não contratarmos um guia.😀
Quanto mais a gente se ferrava e escorregava, mais Seu João se tornava o vilão do nosso dia.😡

Hoje percebo que ele realmente foi super gente boa. Nós demos muito azar.💜




A falta de intimidade em sincronizar narração e carinha do aplicativo continuando...



Não tem muitos registros na lama pq era impossível fotografar.📷❌
As fotos ficavam para as poucas oportunidades secas e limpas.
2% do caminho.




Pausa para descanso e estratégias sobre o que fazer se aparecesse uma onça.🐅
"Fica parado e deixa ela ir."👌


                                        





Sobre como desequilibrar e enfiar a bota na água...💦👢





E então, para delírio de toda a população de 2 indivíduos que estavam trilhando no lamaçal:

🐾🐱

Possível pegada de onça




Dos exatos 20 km (vinte!) que andamos sobre a lama, este trecho foi, de longe, o de maior ódio.😟😟




Demoramos MUITO tempo para atravessar a vegetação.👿😞
Parecia que estávamos de patins.
Não tinha chance de ficar 5 minutos sem escorregar.💩



Terminamos podres, podres.🐖






Quando finalizamos este trecho do capeta, apareceu um casal inocente, seguindo o caminho contrário.😱
Uma baiana e o namorado italiano, com a intenção de ir dormir na Igrejinha.😆😆😆

Eles iriam percorrer, pelo menos, uns 15 km da lama que sofremos.

A tarde caindo.❌
Não tinham GPS.❌
Não sabiam o que era Wikiloc.❌
E sem mapa.❌
Era um combo completo do erro declarado.❌❌❌



Após um breve discurso estimulante de desistência, mostrando toda sujeira, sofrimento e escoriações, os dois seguiram conosco até a encruzilhada para o Rancho🙏, encantados com o mapa super foda que compramos em Rafael de Igatu e aprendendo a usar o Wikiloc (trilha sem Wikiloc é meio complicado👈).

O italiano abraçou nosso licor de banana e desistiu da trilha deles, naquele dia, sem pestanejar.
Não sei se pelo perigo de trilhar à noite ou se ele queria seguir no rumo do licor.😁




Nos separamos do casal e ainda conseguimos inúmeros perrengues em terreno molhado.😓
Foi super, super, super difícil este dia. O mais pesado.😰

Chegamos no Bomba por volta das  21 horas.😷
Ou seja, não economizamos tempo e acumulamos lama, cortes, hematomas e ódio passageiro.😵




No Bomba, assustando os moradores, já que ninguém esperava dois fantasmas porquinhos saindo do meio do mato tão tarde da noite, pegamos transporte em duas motos e, como se já não faltasse mais nada, minha alma saiu do corpo nos inúmeros trechos em que meu motoqueiro derrapou na lama e pilotou na pior versão Velozes e Furiosos - desafio no Capão.😭


Desembarcamos na Vila do Capão, que estava animadíssima, e foi só tirar a mochila para surgir uma dor feladaputa no abdômen.😭
Procurei um posto de saúde e não tinha nada aberto.
Só em Palmeiras.
Não tinha transporte.😭

A dor dilacerando... comecei a pensar se era apêndice, vesícula ou despedida desta encarnação por  qualquer que fosse a justificativa, já que estava sendo esmagada por dentro.😭
Conseguimos um lugar pra dormir e passei a noite contorcendo de dor.



02 de junho 👉 Capão x Igatu


Acordei um pouco melhor, mas ainda sofrendo. 
Voltei deitada no banco traseiro de um taxi que custou 400 😰 reais até Igatu.

Não vi os 80 km de estrada de chão, sacolejantes e nada propícios para quem estava com dor, que ligam o Capão até Mucugê, onde paramos para sacar dinheiro😡 (com tristeza e pirangagem)

Acabados, dormimos novamente em rafael e Vanessa e encerramos este trekking extraordinário traçando planos para cruzar a Chapada novamente por novos caminhos.😎

Amo aquele lugar!💓



TracklogTravessia Igatu x Capão 🚩